segunda-feira, 9 de maio de 2011

Entrevista para o Portal Rn 24 horas


Margot Ferreira abre as portas de sua casa e fala sobre sua vida e trajetória no jornalismo

Com 21 anos de carreira, a jornalista e apresentadora da Intertv Cabugi mostra um pouco do seu lado pessoal e profissional
Por Ana Clea Bezerra /Colunista de TV do Portal RN24Horas

“Quem me conhece de perto, conhece também o meu nível de sinceridade. Falo sempre a verdade mesmo que ela doa. E gosto de ser tratada da mesma forma.” (Margot Ferreira)
Ao chegar à casa da jornalista Margot Ferreira, de imediato senti uma certa tranquilidade. Na estante, livros e na parede - quadros, porta- retratos e cores denunciavam que ali, a arte e as lembranças tinham o seu lugar. 
Logo ela aparece, com um sorriso largo e uma voz marcante, com uma simpatia extremamente fácil e autêntica. Enquanto conversávamos, preparava o gravador para registrar todas as palavras daquele dia.
A simplicidade tomou conta daquele momento espontâneo e Margot contava um pouco de sua vida e de sua carreira.
A carioca, que traz em sua origem a mistura do sangue português do pai e potiguar da mãe, cresceu ao som de fado e música nordestina, o que a fez considerar -  como ela diz - sua carioquice bem limitada, já que em suas raízes  a herança dos pais sempre foi mais forte. Há 22 anos em natal e com 18 anos atuando na Intertv  Cabugi, a jornalista já criou laços na terra do sol. Casada e mãe de duas filhas, divide seu tempo entre a paixão pelo trabalho e a dedicação a sua família e amigos.

RN 24 horas: Margot, você é carioca, filha de pai português e mãe potiguar - como é essa mistura de culturas pra você, o que traz de cada uma?
Margot: Minha "carioquice" é limitada. Nasci na Baixada Fluminense, mas não tenho raízes lá.  Tanto que nunca fui ligada em futebol ou em Carnaval, daqueles de Escola de Samba. O sangue que corre em minhas veias é metade português, metade potiguar.  Cresci ouvindo fado e música nordestina. Nas festas na casa dos meus tios portugueses, por exemplo, se dançava o Vira e não o samba. Em vez de churrasco, bacalhau. Em casa, a minha avó materna, que nasceu em Patu, nos presenteava com seus quitutes nordestinos, como tapiocas e chouriços. Meu lar era bem atípico. (rs)

RN 24 horas: Como foi sua vinda a natal?
Margot: Foi em 1989. A Baixada Fluminense sofria com uma violência desenfreada. Grupos de extermínio, sequestros, assaltos... a situação era bem pior do que a de hoje. Meus pais decidiram se mudar com toda a família. Tínhamos duas opções: a terra da mãe, ou a terra do Pai. Portugal ou Natal? A segunda opção foi a mais fácil. 

RN 24 horas: Como você iniciou no jornalismo?
Margot: Assim que cheguei a Natal, comecei a procurar a "minha turma": a do teatro. Foi aí que em 1990 Stênio Garcia ministrou um curso na Fundação José Augusto e eu, claro, me matriculei. Precisava me enturmar. Nessa época eu já era locutora de rádio, fazendo as previsões astrológicas na 96FM.  Como o curso era de "Teatro e interpretação no Vídeo" tinha muita gente de televisão. Neuza Farache, que apresentava o jornal que eu faço hoje, era uma dessas pessoas. Eu já fazia parte de um grupo de teatro formado durante o curso com o Stênio, com uma peça em andamento. Aí Neuzinha me liga e me convida para gravar um comercial para a TV. O local da gravação era a TV Tropical, que na época era afiliada da extinta TV Manchete. Jânio Vidal, o superintendente, me convidou para testes na TV, na AM, na FM... dias depois já estava trabalhando em todos os departamentos como locutora/apresentadora. E foi lá também que eu conheci meu marido e pai das minhas duas filhas.  

RN 24 horas: Já são exatos 21 anos de carreira, o que te comove e o que  te move no jornalismo?
Margot: O que me comove  - e também me move - é o prazer de poder servir. Principalmente a quem não tem a quem recorrer.

RN 24 horas: fale um pouco da coluna Cores & Nomes?Foi uma idéia sua?
Margot: A coluna na verdade sempre foi um desejo contido meu. O tema cultura sempre me seduziu mais do que qualquer outro, por motivos óbvios. Os artistas daqui, pelo menos uns 90%, são meus amigos. Conheço suas histórias. Por esse motivo mesmo, Andréia Ramos, minha colega de redação, me encorajou. Ela tomou a frente, sugeriu à diretora de jornalismo, Ana Luiza, que topou prontamente. No começo, quem produzia as pautas era Andréia. Mas logo depois ela saiu da TV e eu assumi sozinha. Hoje o setor de pautas marca as entrevistas, mas grande parte das sugestões é minha. Quanto ao nome, me inspirei num disco antológico do Caetano Veloso de 1982, o "Cores, Nomes".    
RN 24 horas:   Qual foi a entrevista do Cores & nomes que mais te tocou?
Margot: Cada uma tem um sabor, uma emoção diferente. Mas por incrível que pareça, a que mais me marcou foi a que eu fiz sobre alguém que já morreu: Câmara Cascudo. A emoção de Daliana, que traçou o perfil humano do intelectual sob sua ótica de neta, me emocionou profundamente. Eu e Daliana chegamos a chorar durante a gravação. Foi difícil segurar... Além dessa, eu destaco a que eu fiz com o artista plástico Dorian Gray. Ele se emocionou e me contagiou com sua emoção.
RN 24 horas:   Você tem uma ligação muito forte com a música, não é?
Margot: Engraçado... eu acho que a música na minha vida sempre foi mais forte do que o teatro. No Rio fiz parte durante um tempo de um grupo que fazia trilhas sonoras para peças de teatro, o "Criaturas da Noite". Éramos atores que também cantavam. Isso sem falar que nos bastidores, na nossa rotina, sempre fomos muito musicais. Cantávamos o tempo todo! Ensaios, festas, encontros informais e até a hora do recreio da escola, eram bons motivos para uma roda de violão. Dos amigos que deixei no Rio - a grande maioria vive de arte - seja do teatro, ou da música. E eu, aqui em Natal, tantos anos depois, ainda tenho esse costume. Minha casa sempre abriga esses momentos e os meus atuais amigos, que também são muito musicais. As rodas de violão continuam firmes e fortes. (rs)
RN 24 horas:  Quando a vejo na TV - você passa uma certa tranquilidade - você é uma pessoa  tranquila?
Margot: Acho que passo essa tranquilidade que você diz na hora de trabalhar, de editar e apresentar o jornal. Me sinto muito confortável na bancada. Mas não dá pra ser uma pessoa tranquila o tempo todo com o mundo que a gente vive. Sou mãe e superprotetora e isso estressa todo mundo. Mas a intenção é das melhores. (rs) Além disso, só uma coisa me tira completamente do sério: falsidade. Quem me conhece de perto conhece também o meu nível de sinceridade. Falo sempre a verdade mesmo que ela doa. E gosto de ser tratada da mesma forma.  Quando isso não acontece deixo de ser tranquila na hora. 
  
RN 24 horas:   Você sendo mulher, mãe e profissional, como consegue dividir seu tempo?
Margot: Da mesma forma que todas as mulheres, mães, profissionais desse país conseguem fazer. Como diria Caetano: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". (rs)

RN 24 horas: Uma frase?
Margot: Também do Caetano: "O melhor lugar é ser feliz!"

RN 24 horas: Uma música?
Margot: Duas: "Sapato velho" e "Casaco Marrom"

RN 24 horas: Um lugar?
Margot: Meu quintal em noite de Lua Cheia com as pessoas e os amigos mais queridos numa roda de violão. 

RN 24 horas: Uma saudade?
Margot:Dos amigos que deixei no RJ.

RN 24 horas: Uma imagem?
Margot:Minha avó materna sentada numa cadeira de balanço na varanda de nossa casa na Baixada Fluminense. Enquanto cantarolava, descascava laranjas. Nós, os netos, literalmente aos seus pés, chupávamos as laranjas e brincávamos com as cascas que caiam fazendo desenhos abstratos... Inesquecível.

RN 24 horas: Escrever para você é?
Margot: Meu trabalho. E por isso mesmo, um grande prazer! 

Para conhecer um pouco mais sobre o projeto Cores & Nomes, acesse www.coresenomes.com



Ana Clea Bezerra


Acessem  minha coluna sobre TV no http://www.rn24horas.com.br/ todos os dias!

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